domingo, 6 de setembro de 2009

Ciclismo: Europa x Brasil

Dentre muitas, uma coisa que me deixa realmente embasbacado nessa minha experiência na Europa é o poder da bicicleta aqui.


A primeira diferença é que não sou considerado um alienígena por utilizar a magrela nas suas diversas funcionalidades: meio de transporte urbano, opção para pequenas (ou grandes) viagens e ferramenta para treinos esportivos.


Num mesmo dia pude observar como esses três usos são normais por aqui. Só para citar os casos mais extremos, enquanto ia de Genebra a Lausanne pude ver uma executiva em roupa social pedalando no meio (!!!) da ponte mais movimentada da cidade sem ouvir uma buzina ou um ‘sai da frente, maluca’ sequer.


Pouco depois cruzei com vários ciclistas treinando na estrada em plena 2a feira as 2 da tarde.


E, para finalizar, já em Lausanne, ultrapassei uma família inteira carregando quase que a casa toda no bagageiro de suas bicicletas. E não estou falando de pai, mãe e um filho adolescente... eram os progenitores, 3 filhas que deviam ter entre 13 e 16 anos, e um moleque que não passava dos 11!!!


Devo ressaltar que fiz todo esse percurso com uma bike alugada, cujo aluguel custa ZERO francos, parte de um programa de incentivo a pedaladas da prefeitura de Genebra.


Esse tipo de programa está brotando como capim em todos os lados aqui na Europa, e é uma pena que no Brasil estejamos tão atrasados nesse assunto.


O ciclismo como esporte de massa é outro tema que merece um comentário.


Enquanto no Brasil a resposta mais provável a um comentário sobre a mais importante competição ciclística do mundo fica entre um ‘Tour de que???’ e um ‘Lance quem??’, por aqui o resumo da etapa do Tour de France passa diariamente na TV do Metro.


E não me refiro apenas ao povo, digamos, esportivamente ignorante (aparte o futebol, é claro, do qual todos somos experts). Nos cadernos de esportes dos jornais brasileiros, achar uma notinha sobre o Tour é difícil. Encontrar uma reportagem com foto, então, é um feito comparável a ganhar uma etapa de montanha escapado!


Aqui, os jornais põem chamadas enormes na 1a página, com uma imagem do êxtase do vitorioso na hora de cruzar a linha de chegada, e a multidão vibrando enlouquecida com aquele momento.


Tive a curiosidade de contar. Na Suíça, numa 5a feira, eram seis canais, de um total de 19, transmitindo ao vivo o Tour de France.


É, infelizmente, parece que ainda temos que dar muitas voltas nos pedivelas até que o ciclismo no Brasil possa tirar as rodinhas e pedalar livremente.

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